O Mimese, Cineclube dos cursos de Comunicação Social da Universidade de Mogi das Cruzes, exibe “O Prisioneiro da Grade de Ferro (Auto-retratos)”, documentário capturado pelos próprios detentos da Casa de Detenção de São Paulo. A sessão ocorre nesta sexta-feira, 6 de outubro, às 14 horas, no Auditório do Centro Cultural, com entrada pela Portaria A, e terá como convidado especial Bruno Zeni, escritor e editor-fundador da Editora Quelônio, um dos primeiros a lançar o relato “Sobrevivente André du Rap (do Massacre do Carandiru)”.
Em “O Prisioneiro da Grade de Ferro (Auto-retratos)”, usando as técnicas aprendidas em um curso de filmagem ministrado dentro do presídio, os detentos encarcerados no maior centro de detenção da América Latina documentam o seu cotidiano, registrando as condições precárias nas quais sobrevivem, as atividades, os sonhos, as crenças, e até as infrações que cometem dentro do sistema penitenciário durante esse período, como os processos de confecção de armas brancas e a destilaria de “maria louca”, a pinga de presídio.
Paulo Sacramento reuniu milhares de horas de material gravado pelos detentos em duas horas de filme num processo de montagem exemplar, com linha narrativa coesa e que prende a atenção do espectador. Ele tem experiência na matéria e um gabarito invejável na sala de edição do cinema brasileiro, assinando a montagem de filmes como “Cronicamente Inviável” e “Quanto Vale ou é por Quilo?” de Sérgio Bianchi, “Amarelo Manga”, “Querô”, “É Proibido Fumar”, entre outros.
A sessão faz parte do eixo-temático do Cineclube deste mês, que lembra o marco dos 25 anos do fatídico episódio de 2 de outubro de 1992, o Massacre do Carandiru. O processo de julgamento dos policiais militares envolvidos na operação se desenrola desde então e só teve um condenado até agora, o Cel. Ubiratan Guimarães, já falecido. O caso se arrasta nos tribunais, com decisões polêmicas por parte do magistrado, como a anulação das condenações em setembro do ano passado, por exemplo.
Bruno Zeni, o convidado desta sexta-feira, nasceu em Curitiba, é radicado em São Paulo e se lançou na carreira literária dissertando sobre a relação com a megalópole, em “O Fluxo Silencioso das Máquinas: Pequenas Iluminações Asfálticas” e “Corpo a Corpo com o Concreto”. Zeni é pesquisador de pós-doutorado junto ao Departamento de Literatura Brasileira da USP, mestre e doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela mesma instituição e autor de “Sinuca de Malandro: Ficção e Autobiografia em João Antônio”, obra indicada ao prêmio literário mais importante do país, o Prêmio Jabuti. Zeni também publicou “Você é minha notícia secreta” pela Editora Quelônio, da qual é fundador, e é professor de Criação Literária no Instituto Vera Cruz.
Após a projeção de “Carandiru”, o público e o professor Guillermo Gumucio, curador do Mimese que desenvolve um projeto de pós-graduação sobre a memória social coletiva da Casa de Detenção, conversarão com Bruno Zeni sobre a importância do Massacre do Carandiru como grande símbolo da série de infrações dos direitos humanos no sistema prisional brasileiro e a necessidade de resgatar a memória de um episódio que ainda não foi resolvido nos tribunais.
SERVIÇO:
14h
O Prisioneiro da Grade de Ferro (Auto-retratos)
(dir. Paulo Sacramento, 2003, 120 min.)
16h
“O fluxo silencioso do Carandiru: memórias inesgotáveis”, com Bruno Zeni
Auditório do Centro Cultural (Universidade de Mogi das Cruzes)
Av. Dr. Cândido Xavier de Almeida e Souza, 200, Portaria A
Tel: (11) 4798-7000
Entrada gratuita