Nos moldes da Ditadura Militar | Voltar |
Embora os tempos atuais sejam mais democráticos que os do período em que o Brasil viveu sob a Ditadura Militar (1964-1985), a propaganda institucional do Governo Federal continua exatamente a mesma. A conclusão é de um estudo realizado pela estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Valéria Florentino Pilon. Comparando a campanha “O melhor do Brasil é o brasileiro” com as que foram feitas naquela época, a universitária percebeu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizou métodos de propaganda dos militares.

“Fiz um levantamento bibliográfico sobre marketing institucional nos dois períodos e analisei sua repercussão na mídia. Constatei que as campanhas tiveram as mesmas intenções, foram elaboradas das mesmas maneiras e veiculadas nos mesmos meios de comunicação. Também são similares as empresas que aderiram às campanhas durante o período militar e agora, na democracia. Concluí, então, que a estrutura das campanhas governamentais não evolui com a modernização dos meios de comunicação e nem com as mudanças de governo”, explica Valéria.

Um dado interessante, segundo a pesquisadora, é que embora não existe mais, pelo menos oficialmente, pressão do governo sobre os veículos de comunicação e empresas como era praxe no governo militar, grande parte delas aderiu à campanha. “O apoio da mídia e de grandes empresas foi de grande importância na divulgação do slogan. Era exatamente a mesma coisa que ocorria nas décadas de 60 e 70, quando o País se encontrava sob a tutela dos governos militares. A diferença é que estamos no Século XXI e vivemos numa sociedade democrática.”

O mesmo estudo também permitiu concluir que tão logo chegou ao poder, em janeiro de 2003, Lula abandonou o discurso de campanha. “Quando candidato, ele defendia o Estado como grande provedor das necessidades da população. Entretanto, sua primeira campanha institucional, “O melhor do Brasil é o brasileiro”, passou a idéia de que cada um seria responsável pelo seu sucesso, pela resolução de seus problemas. Comparando os dois períodos, pode-se perceber contradição muito forte”, diz Valéria.